· 2019
O livro Assistência social, educação e governamentalidade neoliberal lança um olhar nada convencional para a forma como as políticas de assistência social articulam-se com a educação na contemporaneidade, analisando suas implicações na e sobre a escola. A partir de uma vertente pós-estruturalista, principalmente das contribuições de Michel Foucault, a autora problematiza o viés benevolente e acolhedor que povoa boa parte das discussões acerca das políticas sociais contemporâneas. Propõe pensar tais políticas como práticas inclusivas operacionalizadas no interior de uma racionalidade neoliberal que governa todas as camadas da população brasileira, por meio da garantia de espaços de participação no mercado e da sua inclusão nas redes de consumo/competição. A primeira parte do livro discute o contexto contemporâneo, argumentando que, com a emergência do neoliberalismo brasileiro e a correlata constituição da inclusão como imperativo de Estado, podemos assistir à proliferação das Políticas de Assistência Social no Brasil. Tal proliferação aparece associada a um fenômeno de obsessão contemporânea pela educação, que pode ser denominado educacionalização do social. Esse fenômeno ocorre quando a educação é convocada, incessantemente, como instância de solução de uma variedade de problemas sociais, o que produz uma redefinição das funções da escola pública na atualidade. A segunda parte do livro lança um olhar genealógico para a história, objetivando compreender a proveniência e as condições de emergência das Políticas de Assistência Social no Brasil. Destacam-se práticas assistenciais vinculadas às ordens religiosas e à caridade cristã, desenvolvidas até meados do século XIX; passa-se pela estruturação da Assistência Social como uma política do Estado brasileiro, na década de 1930, e chega-se ao surgimento das políticas de transferência de renda condicionada, que proliferam pelo País, no momento da emergência da racionalidade neoliberal. Enfim, as discussões efetivadas neste livro tratam de compreender a forma como a educação escolarizada é utilizada pelas políticas de assistência social como um instrumento eficaz para operar sobre a conduta dos sujeitos, gerenciando os riscos produzidos pela exclusão social numa tentativa de garantir a seguridade da população. Um livro destinado a assistentes sociais, professores e pesquisadores que ousam borrar as fronteiras disciplinares dos seus conhecidos campos de atuação.
· 2021
“não habitar a escola como meros espectadores, mas como ativos inquiridores, atuantes na sua construção cotidiana” (GALLO, MENDONÇA, 2020, p.15) As palavras escolhidas como epígrafe desta apresentação materializam o convite que desejamos fazer aos leitores deste livro. Enquanto pesquisadores, professores e estudantes não podemos agir como meros espectadores que apenas habitam o espaço da escola. Tal postura faria de nós apenas reprodutores de práticas historicamente enraizadas e naturalizadas no e pelo cotidiano escolar. No lugar disso, assumimos a postura de inquiridores da escola, porém não no sentido de julgadores do que se passa e do que se faz na escola. Tomar o lugar de ativos inquiridores da escola significa interrogar-se constantemente sobre as suas práticas, seus saberes, suas verdades e seus modos de ser no espaço/tempo contemporâneo. É esse o exercício que tentamos fazer neste livro e que convidamos os leitores a partilhar conosco. Um exercício que não parta da “escola em sua generalidade, mas se ocupe sempre de uma escola que pulsa, vive e ressoa em todos os seus habitantes” (GALLO, MENDONÇA, 2020, p. 14).
· 2023
Os textos reunidos nesse livro, produzidos por autores e autoras de diferentes áreas do conhecimento, nos instigam a pensar sobre as interfaces dos usos das tecnologias na educação e na saúde, enquanto potentes estratégias biopolíticas na produção de sujeitos contemporâneos.