· 2022
"O direito vem sendo desafiado pelo desenvolvimento de novas tecnologias em vários segmentos e, cientes dos desafios recentes que já se impõem à compreensão da dimensão existencial da proteção de dados pessoais, bem como a centralidade humana pela qual se compreende a extensão dessa proteção, seus desdobramentos e releituras, observamos uma significativa carência na literatura nacional quanto à análise mais específica dos temas de direito relacionados ao chamado "corpo eletrônico", delineado pelo saudoso Professor Stefano Rodotà. A referida proposta, dessumida da constatação de que os conjuntos de dados constituem projeções relacionadas à personalidade, abre margem a discussões variadas sobre a proteção da pessoa na internet. Por isso, os debates são transdisciplinares e envolvem a ciência jurídica em caráter transversal e, inclusive, em conexão com outras ciências humanas e sociais aplicadas. Pensando nisso e, sabendo da qualidade das pesquisas já engendradas sobre o tema, tivemos a honra de contar com a aceitação de um grupo altamente qualificado de autoras e autores que contribuíram para este projeto, cujo título "Tutela jurídica do corpo eletrônico: novos desafios ao direito digital" bem ilustra o amplo escopo das discussões apresentadas. Como dito, o conceito é multifacetado e dá ensejo a diversas linhas investigativas, o que nos inspirou a delinear cinco eixos temáticos principais: I – Dimensões jurídicas do corpo eletrônico; II – Pós-humanismo, transhumanismo e biohacking; III – Singularidade tecnológica, cibernética jurídica e regulação do ciberespaço; IV – Proteção de dados, intimidade e extimidade nas plataformas digitais; V – Aspectos éticos para o desenvolvimento algorítmico. Ao todo, 37 capítulos formam o conjunto investigativo que compõe a obra a partir dos cinco eixos. Cada texto expande os horizontes investigativos da matéria e abre margem a diversas indagações e reflexões que ressignificam a própria expressão "corpo eletrônico", despertando olhares para os influxos da técnica sobre a Ciência do Direito".
A presente obra é fruto das ilações desenvolvidas ao longo do ano de 2020 no grupo de estudos de Direito, Sociedades e Tecnologias do curso de Direito do Unicuritiba/Pr e representa a vontade de seus alunos e integrantes que, ávidos por tecnologia, muito se preocupam em compreender os fenômenos complexos que derivam da interação Humano-máquina. Com efeito, de tão complexas e multifacetadas, as consequências de ordem socioambiental derivadas das aplicações tecnológicas se fazem sentir em todos os meandros da sociedade brasileira com graves efeitos aos direitos mais elementares dos usuários (tais como a privacidade e intimidade, por exemplo), urgindo do profissional do Direito o perfeito domínio destas intrincadas relações para que se possa criar soluções jurídicas adequadas e criativas que sirvam à resolução dos problemas que se apresentam, especialmente porque o Brasil vivencia a plenitude da vigência da Lei Geral de Proteção de Dados e também do Marco Civil da Internet, legislações pioneiras que vieram para mudar radicalmente a forma pela qual o ambiente em Internet se constitui, se organiza, é implementando e usado no país. Portanto, para além da preocupação empírica com os obstáculos vivenciados pela sociedade da era digital, as abordagens teóricas dos autores deste livro servem também para contribuir com a formação acadêmica daqueles estudantes e profissionais do Direito que buscam aprofundar seus conhecimentos em torno da temática do Direito e da Tecnologia. A construção de um diálogo entre as duas áreas nunca foi tão necessária e relevante, de modo que a existência desta obra é a prova máxima de que o Direito, enquanto ciência, precisa sempre se preocupar em estar na vanguarda e expandir suas fronteiras de incidência, já que é premente que o mundo jurídico faça parte inexorável de todos os aspectos da vida cotidiana. Boa leitura!
· 2025
Somos tão livres para agir quando estamos nas redes sociais? Este livro se debruça sobre tal questão ao analisar, do ponto de vista sociológico, econômico, jurídico e filosófico a relação entre usuário e referida tecnologia. O leitor será guiado por intermédio da história e conformação das redes clássicas para, chegando às redes sociais, perceber que elas são um apanhado de aglomerações onde todos lutam por relevância. Passando pela perda da serendipidade, a ocorrência da normose, de fake news e outras consequências de ordem socioambiental e jurídica, o leitor é convidado a refletir sobre o papel e situação de usuário de uma tecnologia que tem o potencial de obliterar o maior direito humano fundamental: o livre-arbítrio.